sábado, 8 de janeiro de 2011

Começando tudo de novo outra vez...


Ano novo casa com coisas novas:
Casa nova,
Cabelo novo,
Roupas novas,
Ideias novas, 
Namorado novo (ou o mesmo),
Academia (finalmente!),
Agenda organizadinha,
e por ai afora...
Mas ano novo casa,também, com retomada do cotidiano.É por isso que ao terminar de editar essa postagem já retomo meu conto. Quem já esqueceu do que ele trata, retome a leitura e não perca o final....Prometo que até o dia 31 de dezembro de 2011 ele se conclui...rs. Então, deixa eu parar de enrolar e pôr em prática meu projeto...A propósito, estou aqui com uma companhia maravilhosa:....advinhem....? Um fumegante copo de café...Avante!


A gente trabalha,mas também se diverte

Entre os dias 08 e 11 de novembro estive em São Paulo participando do Seminário Nacional do Ensino Médio Inovador, uma proposta do MEC para melhorar o ensino das escolas públicas de todo o país. Foram dias de ricas discursões, trocas de ideias, confinamento, críticas, exposições, teatro,dança e música, porque, afinal,quem disse que a gente é de ferro...?

Entrada SESC/Bertioga_SP.


Abertura do evento.
  
Nossos alojamentos.

Nossa equipe.
Nosso espaço.
Piores momentos 1: redário!
Mandinga paraense.
Piores momentos 2: show Zeca Baleiro.
Piores momentos 3: visão do paraíso...
Nosso Pará!
Já disse tudo!
Voltando para casa.
 

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ando ligeiramente cega....


Tenho usado meu 'indulto de natal' para ler um pouco. No momento estou lendo (sim,até que enfim...!) Saramago. Por incrivel que pareça nunca havia lido um livro dele, foi preciso
ele morrer e o Fábio aparecer na minha vida (ele me presenteou com o livro no meu aniversário) para eu me render aos escritos desse saudoso autor português... Nossa, que arrependimento...mas, antes tarde do que nunca,certo?
O livro, Ensaio sobre a cegueira, tem me deixado de olhos bem aberto, principalmente sobre a escatológica 'cegueira humana'. Bem, mais ainda é cedo para conclusões e não pretendo fazer comentários 'às cegas" , então, prometo escrever após a conclusão da leitura (espero que em breve...). 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quatro meses...

É isso mesmo...São exatamente quatro meses sem postar nada de novo. Meu conto esta parado, meus prometidos comentários de livros e filmes estão criando teias...Eita, sô! E eu, como sempre imprevisível (e aparentemente sem muita consideração pelos meus leitores - só aparentemente!), nada de justificar essa ausência total. Pois bem, a vida tem tomado novos rumos e como a canoa ainda não se aprumou  preciso ir remando aqui e acolá, e o tempo tem se mostrado um ingrato comigo. Então, para mostrar que eu estou viva resolvi postar uma fotinho pra fazer inveja. Eu e minha filhote, a Paris, num raro momento de "sombra e água fresca". Inté, galera.



Crédito das fotos: Fábio Costa (O cara tem futuro. Tirou essas fotos com a cam de seu celular de apenas 3.2 m.p)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um certo Crazy...M!


Quem já leu Shakespeare sabe que ele, como ninguém, consegue traduzir em suas peças os amores imperfeitos e as dores de cotovelos. Passados séculos de suas criações ainda hoje podemos nos servir de sua dramaturgia para explicar ou entender as chagas que dilaceram nossa alma de tempos em tempos: a brasa encandescente da paixão ou as decepções recorrentes dos amores não correspondidos. Assim, para os amantes da boa literatura, não deve soar como estranho os pensamentos da jovem Fermina:

"- Ora, vêde que desprezível fazeis de mim. Pretendíes que eu fosse um instrumento em que poderíeis tocar a vontade, por presumirdes que conheceís minhas chaves. Tínheis a intenção de penetrar no coração de meu segredo, para experimentar toda a escala dos meus sentimentos, da nota mais grave à mais aguda. No entanto, apesar de conter este instrumento bastante música e de ser dotado de excelente voz, não conseguís fazê-lo falar. Com a breca! Imaginais então que eu sou mais fácil de tocar do que esta flauta? Dai-me o nome do instrumento que quiserdes, conquanto voz seja fácil escalavrar-me, jamais me fareis produzir som..."

Relembrando Hamlet, príncipe da Dinamarca, em suas dúvidas sobre o amor e seu destino incerto, assim resume Fermina sua experiencia com os carecas.
Crazy entrou na vida de Fermina no fim do ano passado, mas precisamente no dia de reveillon. Desde então, por cerca de uma semana, os dois não ousaram se desgrudar. Fizeram tudo juntos: dormiam e acordavam juntos; faziam as refeições; andavam pelas ruas; iam ao supermercado. Enfim,eram inseparáveis. E, como nesses romances antigos, resolveram se verter de fato às loucuras fulgazes da paixão.
Quem os observasse, por certo, achariam que eram dessas almas-gêmeas que nascem de tempos em tempos, quiça, de milénios em milénios. Conversavam com tanta naturalidade, revelavam traços de suas personalidades sem pudor algum, segredavam antigas experiências amorosas com tanta sincronia e destreza que pareciam serem conhecidos de longa data.

A convivência foi tão boa nos primeiros dias que ambos ousaram ir além e proporam se reclusar no litoral. Lá, só os dois, quem sabe o encanto não seria abalado pela convivência diária que esgota até mesmo os relacionamentos mais fortes e convicentes. Sendo assim, fizeram as malas e partiram os dois rumo aos seus destinos incertos.

Na curta viagem em direção ao litoral, de aproximadamente 1h30, Fermina aproveitou para olhar um pouco mais o homem que conhecera há tão pouco tempo, mas por quem já cultivava tanto carinho e ternura.

Crazy é um rapaz bem alto. Alto mesmo. Fermina tinha que ficar na pontinha dos dedos, mesmo de salto alto, para poder alcançar seus lábios. Tinha braços longos, fortes e cobertos de pêlos para o delírio dela. Fermina é apaixonada por pêlos. Tem verdadeiro fetiche em relação à pêlos no corpo do sexo oposto. E nesse ponto Crazy a agradava plenamente porque ele era coberto de pêlos, não só nos braços: pernas, costas, abdomem... tudo repleto de uma penugem clarinha. O único lugar que era quase que completamente desprovido de pêlos era a cabeça. De resto, não faria inveja aos acometidos pela licantropia. Seu rosto contrastava com seu porte físico. A tez alva lembrava os anjos barrocos. Seus olhos eram pincelados de verde-azulado, dependendo da claridade que os refletia. Fermina os batizou de olhos cor de ardósia em homenagem ao seu compositor predileto, Chico Buarque.

Como Crazy dirigia concentrado, olhando para as inúmeras curvas da estrada de Santos, Fermina pôde examiná-lo minuciosamente. E, nesse exame, ela pôde observar como o perfil dele era perfeito: um nariz altivo, empinadinho, que se iniciava entre a vasta sombrancelha e findava numa curva perfeita a poucos centímetros de sua boca rosada e carnuda. E ia ela perdida nesses pensamentos quando foi desperta por um comentário dele:

- Olha, essa é a entrada da cidade. Esse portal esta ai desde que eu era criança. Lembro que quando chegava aqui já sabia que estava perto de casa.

E Fermina olhou para a direção em que ele apontava. Era um portal na espécie de uma entrada de túnel. Havia qualquer coisa que lembrava boas-vindas. Ao redor margeavam plantas de várias especies de trepadeiras. Algumas possuiam flores coloridas. Fermina gostou do que viu. Abriu um sorriso e voltou seus pensamentos novamente para Crazy, só que agora as ideias eram mais profundas. Pensava ela como nossa existencia é uma caixinha de surpresas. Como nada nessa vida é exato, nem as ciencias físicas e matemáticas, muito menos as relativas ao coração. Há três dias aquele homem nem existirá para ela e, agora, ela não conseguia se ver longe dele. Tudo nele a encantava: sua timidez, seu sorriso encabulado, seu olhar entristecido. Suas poucas palavras. Suas divagações antológicas.

Fermina ria do jeito desajeitado de Crazy. Lembrava ainda do primeiro dia em que sairam juntos. Ele demorou séculos para encontrar o endereço em que ela estava. E se já não bastasse isso, pegou contramão em uma avenida movimentada da cidade em que nasceu, foi criado e aprendeu a dirigir. Por incrível que pareça eram essas pequenas coisas que comoviam e aproximavam ainda mais Fermina de Crazy.

Mais uma vez Fermina foi despertada de suas divagações:

- Chegamos! Olha, não vá esperando nenhum palácio, hein!? É um prédio antigo, cheio de problemas. Ficamos com ele por causa da vista. Quando chegarmos lá em cima você vai ver que vista bonita ele tem...

E subiram os dois.

Quando abriram a porta Fermina pôde ver logo de cara uma janela imensa na sala. Antes de qualquer coisa largou as malas e correu para o parapeito.

- Nossa, que visão linda, Crazy! Você realmente tinha razão... A vista é divina!

Ele,então, chegou por trás, passou seus longos braços em volta da cintura dela e ficaram os dois ali, juntinhos, olhando a magnetude da paisagem, as ondas irem e virem, os banhistas no calçadão, as crianças correndo de um lado para o outro. Não sei quanto tempo ficaram naquela posição. Acho que o tempo suficiente para perceberem que aqueles dias seriam inesquecíveis e que eles tinham que aproveitar ao máximo porque não sabiam se haveria outros iguais.

- Amore, vamos arrumar as coisas e depois darmos uma volta por ai? Propôs Crazy.

- Aham. Respondeu Fermina.

Foi então que ela examinou brevemente o lugar que dividiriam por alguns dias. Era um apartamento antigo. Havia uma sala, um quarto, uma cozinha e um banheiro. Os compartimentos não eram grandes,mas não se pode dizer que eram minúsculos também. Na sala havia um sofá de três lugares. Uma mesa pequena encostada na parede, onde se amontoavam algumas papeladas de forma desorganizada. Uma tevê e um rádio postados em cima de uma estante pequena. No teto havia um ventilador.

No quarto em que dormiriam havia duas camas de solteiro, que os dois logo trataram de unir para fazerem de casal. Forraram com lençois limpos e cheirosos que ele havia trazido especialmente para aqueles dias de 'lua-de-mel' improvisada. Sobre a cama uma grande janela que dava para o calçadão permitiria noites brindadas a nuvens,poesias, luares e céus estrelados. Na outra parede ficava um guarda-roupa de madeira pesada e ao lado da cama um pequeno criado-mudo.

Na cozinha havia o suficiente para sobreviverem bem: fogão, pia, armário e uma mesinha com duas cadeiras.

O banheiro era antigo. Precisava de reformas urgentes, mas tinha também, na opinião de Fermina, o suficiente para lhes garantir sobrevivencia: descarga funcionando e água quente para as noites frias.

Assim que guardaram as coisas a noite já começava a despontar. Resolveram, então, tomar banho e depois sairem para comer alguma coisa. Fermina foi na frente e depois de tomar banho e trocar de roupas deitou-se na cama para esperar Crazy tomar o seu banho também.

Fermina ficou olhando o céu, observando as estrelas que despontavam uma a uma conforme a noite ia chegando. Fechou os olhos e deleitou-se com o cheirinho de água salgada que vinha lá de fora. Como Crazy demorava ela fechou os olhos e, finalmente, foi derrotada pelo sono. Quando acordou, tempos depois, viu que Crazy também dormia ao seu lado, tranquilamente. Ela, então, virou-se de lado e ficou alguns minutos fitando de forma terna aquele homem que até a pouco tempo nem existira para ela... Como ele continuava dormindo feito um anjo ela se limitou a massagear sua tez suavemente, passando as mãos de um lado para o outro. Ele acordou, mas não abriu os olhos de imediato. Ficou como um gato manhoso se rolando na cama de um lado para o outro, com um sorriso no rosto. De repente, ele pega as mãos de Fermina e beija-a suave e longamente. Finalmente acordam de verdade.

Os dias que se seguem são repletos de momentos marcantes e de cumplicidade. Novas revelações sobre a vida de ambos, confissões, desejos e medos são relatados nas muitas conversas que varavam as madrugadas. Fermina e Crazy não tinham a mínima noção de quanto amanhecia ou anoitecia no litoral. Acordavam na hora do almoço e se recolhiam à alcova quando os demais mortais já estavam iniciando mais uma jornada.Certa vez, estavam os dois tão envolvidos em uma conversa na beira da praia que quando resolveram voltar para casa e viram uns senhores caminhando na orla, Fermina comentou:

- Nossa, esses velhinhos caminhando tão tarde assim... deviam era estar dormindo.

Foi quando Crazy olhou no relógio e emendou:

- Não, nós é que estamos indo dormir tarde demais.Já são 5h30 da manhã!

E os dois trocaram olhares cúmplices e cairam numa gargalhada gostosa.

Foram assim todos os dias que eles compartilharam nessa breve semana. Nenhuma rusga entre eles. Nenhuma indisposição.Nenhuma crise. Parecia que o que um falava o outro prontamente entendia.

Para fermina Crazy era perfeito.Talvés porque se parecesse demais com ela. Agia em todas as situaçõe scomo ela provalmente agiria. Eram dorminhocos - ela mais do que ele. Eram carinhosos - nesse quesito estavam plenamente empatados. Eram jovens - ele, às vezes, parecendo bem mais do que ela. Eram aventureiros - na melhor acepção da palavra. Eram desprendidos e, acima de tudo, foram sinceros um para o outro durante todo o tempo em que tiveram juntos.

Por Crazy Fermina fez algumas loucuras e, talvés, se o destino permitisse, teria feito mais...

Mas como num passe de mágica, assim como começou, terminou. Crazy foi um sonho bom na vida de Fermina e ela espera ter sido uma coisa boa na vida dele também. Como as coisas marcantes e verdadeiras não precisam ser perenes, Fermina acredita que ambos tiveram seu papel na vida um do outro, trazendo felicidade e alegria no momento em que precisavam.

Eis ai a justificativa para os receios de Fermina em relação aos calvos. Eles são perigosos demais para um coração tão desprovido de amor como o de Fermina. Fazia tempo que ela não sentia a chama da paixão visitar seu coração e quando conheceu Crazy sentiu aquilo que o poeta dizia ser necessário para nos enloucrescer. Talvés mais enlouquecer que crescer de fato...

Assim, com essas lembranças ainda frescas na memória, pensou ela que o melhor seria ficar longe de problemas, principalmente dos evitáveis.