sexta-feira, 13 de julho de 2007

Admirável Mundo Novo?

Violência nos becos
morros,favelas,invasões
balas perdidas,
assaltos,
insanas ações.
Realidade,
realidade,
coisa banal,
trivial
não causa mais medo ou surpresa
é tudo hiper-real.

Tecnologia de ponta
avanços medicinais
condomínios fechados
férias no Hawaí
Realidade?
Realidade?
Para quem?

Supostas teorias procuram explicar
mas a rapidez da realidade
não permite filosofar.
A violência se tornou comum
não causa mais impacto
impunidade tornou-se perene

Jovens se perdem
crianças morrem
velhos adoecem
sociedade apodrece
de valores,de moral
instituições falham.

Dos esgotos sociais
brotam impunes
raizes do mal
que tolem a liberdade
do cidadão comum.
Hoje um réles mortal
ou imortal?
Sobrevivente da Babilônia incendiária.
Grilhões seculares amordaçam
a voz dos inocentes
reproduzem o medo
ecoam grávidos de horrores.
Holocausto em pleno século XXI.

E amanhã?
O que será do amanhã
em uma sociedade falida,
em um sistema corrupto,
corroído e dilacerado?
Onde andam nossos heróis
que não houvem a voz dos mutilados?
A quem ocorrer?

Me olho no espelho
procurando enxergar
a mancha vigorosa que avança atrás de mim
Procuro gritar
mas meu grito ecoa estrangulado
na podridão que nos acalenta
sorrateira como um abutre
esperando a melhor hora para degustar
a carniça da irreversível
situação humana
Seria esse...
o admirável mundo novo?

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Atropelo

Ouço zumbido de grilo
O vento invade o meu corpo
desalinha meus cabelos
e dita-me aos ouvidos acordes dissonantes...
Gargalho....em plena síncope

Remuo minhas entranhas
Não há decoro
Decoro um verso rápido
com palavras mórbidas
para murmurar

Um transeudente pára
paira minha rota figura:
desatino humano
aborto social
trapos da moral

Suspiro cambaleante
atravesso o sinal
a orgia me espera
do outro lado

Simbiose retardada
Aglutina caos,sangue,choro
meu roto caminhar
frea,rodopia,capota
A respiração,ofegante,cessa
O sangue não jorra.Há muito escasseou...

O cerébro,assombrosamente,emite imagens discrepantes
Quem é aquela virgem,
de traços finos e pele alva
que meus olhos miram?
É a morte... cada vez mais próxima?
Que morte bonita
tão distinta da severina vida
tão asseada e vistosa
...chego a sentir vergonha da vida
diante da vicissitude da morte...