terça-feira, 27 de janeiro de 2009



Não deixarei que morra em mim o desejo de amar teus doces olhos
porque sem eles seria difícil a arte de criar.
Tua presença é como a luz
e eu sinto que existe qualquer coisa de ti em mim.
Não te quero ter preso
mas quero que surjas em meus pensamentos
como o sol, o vento, a brisa e a noite enluarada,
como a esperança que nunca adormece
e como a vida que sempre se renova.

Deixo-te livre para escolher teu caminho,
para que tua face encoste em outras faces,
para que teus dedos entrelacem outros dedos,
para que teu corpo sinta outras essências.
Permito-te até que esqueças de mim,
mas jamais te esqueça da misteriosa névoa que nos envolveu
nesses doze breves dias de frio e de calor,
de sentimentos e dúvidas,
de prazeres e afagos,
de carinhos e amizades...

Não julgues-me mal ou que não te quero.
Isso nunca, jamais!
Quero-te mais do que tudo.
Por ti, retomo o mesmo caminho indizíveis vezes.
Por ti, deixo o sagrado e persigo o profano.
Permito-me que a razão não faça nenhum sentido.
Não te perderia,meu amor...
Porque tu és carne.
És vontade e desejo.
És a memória nítida de um tempo bom.
És perene demais.

Quero-te livre como os passarinhos desse lindo bosque
porque no amor
há mais de despreendimento do que de amarras,
há mais de ternura do que de graves firulas.
Porque no amor
há o respeito pelo tempo de um e de outro e,
no amor, não há a pressa dos ávidos amantes
mas antes a calma dos que esperam adormecidos (mas nunca mortos!)
a visita desse sentimento puro,
tão sublime e tão essencial...
que nos permite sonhar,
planejar, filosofar e enamorarmo-nos de tudo.

É no amor que o sorriso se abre,
que a coragem nasce,
que os limites são testados.
É no amor que se aprende a viver e a sofrer
porque o amor tem sempre dois pólos e,
quem se permite desfrutar de um não se desenlaça do outro:
desfruta-se das vicissitudes da vida
ou dos jázigos da morte.

São por todos esses motivos, meu amor,
que deixo-te livre da essencia física
mas enebriado das lembranças vívidas
desse tempo tão bom
que fizemos acontecer no hoje e,
quem sabe,
também no amanhã..