quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tardes...

Mas uma vez me vejo em pensamentos e por mais uma vez as ondas me levam por caminhos que desejei não mais percorrer. E mesmo sabendo para onde me levam não faço força, não esperneio para voltar. Deixo-me ir, me deixo levar. É boa essa sensação de não sentir os pés no chão, de leveza, de se pegar abrindo o sorriso no meio da tarde sem explicações possíveis como agora, por exemplo.
Fechando os olhos permito-me transportar para longe daqui, para um lugar que só nós dois sabemos existir: é um ambiente, por enquanto, transitório entre o meu eu e o teu eu. É um espaço de refúgio onde podemos trocar confidências, sorrisos, suspiros e tímidas declarações. Ele é etéreo e para se concretizar depende unicamente das nossas essências: um pouco de cada um de nós. A partida se dá quando emitimos ondas de pensamentos e estas, sincronizadas, formam um fluido suave, nude, que logo envolve e imbrica nossas almas. Chegamos lá, então, no mesmo instante. Envolvidos com a atmosfera de paz do lugar procuramos nos aproximar suavemente em passos de dançarinos. Se por ventura alguém mais pudesse compartilhar desse momento conosco teria, certamente, essa impressão: de bailarmos numa única sintonia e ao som de uma nota só: a nota do coração.
E assim, nesse estado de estarrecimento pleno e total, sucumbimos aos encantos que emanam de nós dois. Ignoramos as distâncias, as diferenças e as adversidades. Essa nossa primeira união permite apenas o carinho, a amizade e a admiração....