sexta-feira, 22 de junho de 2007

Perna

Gosto de saber que sabes sorrir
Tua alegria enche-me de prazer
Gosto de te ver sorrir com os olhos
Teus olhos dizem muita coisa
Coisas que ja conheço,
outras que,talvez,ficarão por conhecer

Quando rires,mostra-te vivo,mostra-te homem,
menino,repentista,poeta,fazedor de rimas.
Às vezes negro,meio índio,africano,português e brasileiro
mas nunca o homem cordial.
Tens mais de colonizador que de colono
Teus grandes braços parecem dois tentáculos:enlaçam mulheres,
mas mais ainda parecem querer laçar o mundo

Acocado, o mundo entre tuas pernas,debruça-te sobre ele
e tuas mão ávidas procuram de um tudo
Nem sempre consegues retirar o que desejas,mas fitando o teu olhar
parado,sonolento
avisto um brilho:Sei que descobriste alguma coisa
Não sei se para usar hoje ou amanhã
Se para guardar de lembrança
ou deixar esquecida num canto qualquer de teu barraco

Não tarda e vejo-te novamente
remoendo o mundo a procura de novos achados,
de outros mundos,outras histórias...
Vejo-te como um grande,incansável e misterioso escavador:
sempre a procurar algo,a remoer o que parecia certo,concreto,firme
Contigo,tudo o que era sólido passou a desmanchar-se no ar
Nada é estático
Tudo é suscetível de mudança:
os móveis,as pessoas,as crenças,valores e visões.
Esforço-me para acompanhar-te mais minhas pernas,não são as pernas - tuas pernas!