sábado, 14 de fevereiro de 2009

Um Ide (bem grande!) pra você.

Ide daqui pra lá
Ide em qualquer lugar
Ide você
Ide eu
Ide amor,
amor todo meu...
Norte,Sul
Ide em qualquer direção
Mas Ide rápido,veloz
caso contrário
não Ide mItálicoais.
Ide sim
Ide pra mim
Ide por nós
Ide mais longe que qualquer um já foi...
Ide por todos os lados
Ide ocupar o teu/meu lugar
Ide como quiser
Ide até a pé
pois por você
vale ir mesmo em marcha-ré.
Ide como for
Há de sempre ir
e eu ei de sempre buscá-lo
Ide
em qualquer contra-mão.
Porque ainda que Ide
em outra direção
eu ei de ir
em busca de tuas mãos.
Portanto, Ide,podes ir
te acho por ai
não se perdes não.
Ide conforme for
que eu acho você
e ei de estender-te as mãos.
porque, Ide - meu amor
já és dono
desse meu bobo coração...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Pueril


Queria poder viver da arte de escrever

escrever palavras bonitas

que reacendessem no coração dos homens

o sentido da vida,

da partilha,

dos laços de fraternidade.

Gostaria que minha caneta

fosse fiel aos meus pensamentos

ou que fosse mesmo além deles

para desnudar o que ainda

não vejo claramente.

Que pudesse compartilhar

com o mundo

o momento da criação

numa versão menos opaca,

mais vívida e feliz.

Queria que nesses momentos,

as idéias fomentassem em algum lugar da criação

apenas os bons momentos,

as faceiras lembranças

dos tempos em que andávamos descalços e

lambuzáva-mo-nos a tarde inteira

com o rico suor das traquinagens infantis.

Ou onde o choro se justificava apenas

em função do dente perdido

ou das quedas motivadas

pelas alegres "piras"

com os mesmos amigos.

E que aflição

era apenas a espera

pelos presentes natalinos.

Seria bom,ainda,

resgatar aquela velha crença

de que os pais são pra sempre e

de que a única obrigação

é acordar cedo

e se comprometer com o vasto quintal,

cheio de árvores, galinhas

e muitas possibilidades.

Seria bom não crescer...

Não conhecer o outro lado do muro...

Porque quando transpomos aquela barreira...

nunca mais seremos os mesmos...

O que antes era novo e motivador

tornou-se um mundo de possibilidades,

de escolhas

nem sempre fiéis aos nossos desejos infantis.

Depois do muro temos, de fato, um mundo

mas tão diferente daquele nosso quintal...!

Os desafios não se resumem mais

às inocentes competições pueris...

e, ao mesmo tempo

que as possibilidades se multiplicam

nossas opções morais se estreitam...

Por isso escrevo,

para alar minha realidade

para afrouxar essas mordaças,

para libertar minha alma

quando sei que ainda não chegou sua hora.

Escrevo para me permitir voltar ao tempo

em que meu mundo era tão vasto

que cabia no pequeno espaço

do meu quintal...!

Náuseas


Andar descalça

sentindo a sensação

de ser parte desse solo.

Doando a alma

trocando energias com essa terra

é bom...

É bom caminhar

correr sozinha

deixar-se inflar

como se fosse um balão.

Subir,subir,subir...

esquecer o mundo

criar outra realidade

outra história

mais real

menos mortal.

-Será que dá pra se jogar?

cair em plena síncope

deslizar por entre as nuvens

cumprimentar cada vento

cada brisa que encontrar no caminho?

-Olha, lá vem a chuva...

É grossa!

os pingos batem na janela

que alvoroço...

Corro pra ir ao encontro dela

quero abraçá-la

dar-lhes as boas novas.

Vem cá...!

não fujam de mim

deslizem pelo meu corpo

lavem minhas chagas

curem minhas escrófulas

Cuidado!

não sanem toda a dor

preciso da lembrança

daquela dor rasteira

aguda

que me ensinou que a vida pode não ser eterna

mas jamais será indelével...

Ela é perigosa.

A morte sim...

leva a culpa

mas é quem cura

quem liberta

quem alivia...!

Salve,salve,morte!!!

Redentora dos oprimidos

libertária dos cativos

que seja feita tua vontade

decrete tua sentença!