quinta-feira, 4 de março de 2010

ELEGIA DO ARREPENDIMENTO


Peço-te perdão
Por esse meu jeito
De agir,
De ser,
De (não) pensar.

Peço-te perdão
Por esse meu querer
Tão despretencioso
Que chega a bastar em si mesmo.

Peço-te perdão
Por supor que podia
Ultrapassar as fronteiras
Do ontem e
Achar que no hoje
Faríamos o amanhã.

Peço-te perdão
Por sentir-me tão leve
Em tua presença-ausência
Que chego mesmo a esquecer as formalidades
Dos pares mal-formados...

Peço-te perdão
Por encurtar tamanha distancia
Com proezas verbais
Com galanteios informais
Com sorrisos de anis
Que brotam de meus lábios


Toda vez em que vejo a ‘bandeira’ azul
Surgir do lado direito da tela
Fatalmente o mesmo lado das juras eternas e
Dos amantes em vão...
Quisera o lado do coração.

Peço-te perdão, ainda
Por não ter de todo apagado
As suaves lembranças
De dias de sol e
Noites de brisa
De toalhas macias
De chuvas sem hora marcada
Tão diferentes das que caem no chão
De minha terra natal...

Peço perdão por visitar-te
Sem alardes
Na aurora dos meus dias
Vestida apenas de magia e
Levando comigo crisântemos, monsenhor

Peço-te perdão
Por crepitar ao som dos teclados
Supondo que cada nova nota
Que enviarás para mim
Traduzirão uníssonas
Nossas lembranças mais secretas
Nossas juras não feitas
Nossos desejos ainda não desencantados...

Peço-te perdão, finalmente
Pela ternura desmedida
Que despertas em minh’alma
Como se fossemos velhos conhecidos
De toda uma vida e
Que em um único olhar
Traduziríamos
Toda a beleza que há
Por trás de sorrisos gentis.

Perdão, anjo, por sentir-te assim tão perto...

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