sábado, 20 de março de 2010

Eu caçador de mim...


FERMINA é uma moça jovem, esguia do alto de seus 170 cm de altura. Tem uma pele levemente bronzeada pelo calor dos trópicos,principalmente aquele de cima da Linha do Equador. Sua compleição física foi talhada pelas atividades que fez a vida inteira. De tudo um pouco: primeiro brincadeiras de rua, na infância. Depois,natação, karatê, corrida e, atualmente, musculação. Tem um porte de garça. Anda como se tivesse seguindo fielmente um tracejo riscado no chão. O olhar nunca furtivo. Sempre olhando em direção ao horizonte. Olhar firme e determinado de quem sabe o que quer, ou pelo menos de quem finge que sabe o que quer. Seus olhos e cabelos foram pincelados com tintas que lembram uma única cor: o dourado. Seus lábios são de um tom roseado natural.Diria que Fermina é uma moça bonita. Não fatal,mas de uma beleza suave, natural e ao mesmo tempo exótica que reune em si as características dos três povos formadores do nosso país: brancos, negros e índios. E Fermina adora relatar sua árvore genealógica. Sua descendencia. Faz questão de contar a vinda do avô paterno, imigrante espanhol nascido no século XlX, que embarcou criança para o Brasil a fim de reconstruir a vida além-mar. De relatar que sua avó materna, Bibiana, ainda chegou a ser escrava e, após alforriada, amancebou-se com o filho de seu senhor do qual resultou o nascimento de seu avô,Raimundo. Há ainda, um pouco de sangue índio em suas veias, mas essa parte ela não se arvora a contar porque não reune informações suficientes. É que Fermina é orgulhosa demais para contar uma história pela metade e isso me lembra outra característica marcante dela: a fala. Ela é dessas jovens tagarelas que fala em 33 rotações sem parar. E só pára quando dorme. São raros os momentos em que Fermina cala-se. E quando isso acontece é porque ou ela esta dormitando ou porque algo não vai bem. Reze para que ela esteja apenas adormecida, porque o silêncio dela é pior que sua sandice falatória.

Fermina tem defeitos como todo mundo e como boa libriana a indecisão é um deles, mas talvés o pior de todos os defeito dessa moça seja o fato de ela jamais admitir qualquer tipo de fraqueza. Ela se habituou a passar uma ideia de mulher forte, independente e determinada. Mas nem sempre a imagem que vende é retrato fiel do produto. Quem sabe Fermina não venha a aprender, por aqui, que demonstrar fraquezas não é crime. Muito pelo contrário, só nos torna mais humanos ainda. E que lágrimas não são ácidos que dilaceram a face, mas causam apenas algumas chagas na alma que se curam tão sutilmente quanto aparecem. Que perfeição é algo que surge delevelmente e não é pré-requisito de felicidade. Enfim, acho que Fermina é uma dessas moças a procura de si mesmo e, como diz a canção, ainda vai descobrir o que me faz sentir eu caçador de mim...

2 comentários:

  1. Adorei Marcia, vai em frente!

    Vou querer saber na verdade até onde Fermina vai... e lá para o final acho que vai haver surpresa!

    Bjo,
    manuel

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  2. Obrigada,Manuel!
    Como te falei, nem eu mesmo sei para onde vai Fermina. Mas estou me divertindo muito com os rumos que o conto esta tomando. Se na vida real nem sempre podemos mudar o direcionamento das coisas aqui, por sua vez, me permito usar o clik para apagar e reconstruir o que não me agrada de imediato. Continue acompanhando,pois sua leitura é importante.Bjs portuga!!!rs

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