sábado, 20 de março de 2010

Ele é carioca...ele é carioca...


Florentino, por sua vez, é desses rapazes que transmintem paz à primeira vista. Tem expressões fortes - talvés herança de sua descendencia italiana, dos mafiosos sicilianos - que se acentuam ainda mais quanto ele esta sério, concentrado, lendo alguma coisa ou digitando no teclado. Seu rosto é anguloso, traços bem feitos, tendendo à perfeição. Pele alva. A alma nem tanto... Seus olhos são bem expressivos e dizem mais do que horas de prosa.Seu sorriso paraliza ao primeiro contato. Se tem algo em Florentino que tenha cativado Fermina, esse algo é o sorriso dele. Quando sorri, sua face ilumina-se tal qual os raios de sol no verão tropical. Chegam a cegar e deletar, a priore, qualquer vestígios de defeitos inatos.

Sua estatura é mediana. Olhos, acredito, negros. Em contraste com suas vastas sombrancelhas uma calvice prematura lhe presenteia. Sim! Porque o resultado é, de fato,um presente: é o mal necessário para causar-lhe certa malemolência, um charme irresistivelmente sexy e pecaminoso. As mãos desse homem também são dignas de poemas: macias, nudes, delicadas o suficiente para promover carícias plenas e sutis... Na verdade, Florentino tem sutileza em tudo que faz. Na vida e na ficção.

Ademais posso afirmar que ele é dessas peças raras, talhada uma única vez em séculos. Onde a forma se perdeu. Em uma palavra: é único. Único em sua gentileza. Único em sua altivez. Único em sua inteligencia. Têm algo que poucos homens conseguem preservar, a sinceridade ainda que a mesma desvele traços de imperfeição ou de natureza animalesca e instintiva. Seus demônios são aparentes e habitam a áurea mais superficial da carne. Poucas camadas e logo deparamos com ela pronta pra agir e fazer-se notar libertando os monstros da lagoa.

Assim como Fermina,Florentino também admite suas fraquezas e inseguranças. Uma delas é sua cârência congênita. Que ele diz congênita. É um romântico incurável a procura de sua 'batida' perfeita. Não queria dizer a ele que talvés amor perfeito seja apenas o nome de uma planta. Que na literatura essas histórias começam quando terminam. E, na vida real, terminam quando começam...

Mas, para quê acabar com a fantasia quando essa é a única teia que os mantém unidos? Deixem-nos sonhar. Perambular por campos ainda intactos. Serem colonizadores de si mesmo. E, quem sabe, cultivarem um jardim em n'algum lugar entre a imaginação e o real, entre o hoje e o amanhã, entre a teoria e a prática, entre a razão e o desejo, entre o yn e o yang....É lua cheia e os bichos querem sair...

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